O que é?
Popularmente conhecida como tendinite da pata de ganso, a inflamação dos tendões flexores (músculos utilizados para realizar a flexão do joelho) é uma inflamação dos tendões que se inserem na parte interna da tíbia, logo abaixo do joelho. Este nome foi dado, pois nesta região interna da tibia proximal temos a inserção dos tendões dos músculos sartório, grácil e semitendíneo. Devido a semelhança na inserção dos 3 tendões ficou conhecido como pata de ganso.
A principal causa é a falha na qualidade do movimento muscular ao realizar a flexão do joelho, por exemplo, durante exercícios de fortalecimento na academia onde realizamos maquinas flexoras para fortalecimento da musculatura posterior da coxa. Quando o músculo da parte de trás da coxa é exigido por uma força maior que suportado pelo tendão repetidamente ou a execução inadequada dos exercícios estes tendões (que ligam os músculos ao osso) se inflamam gerando dor.
Quais são os Sintomas?
Os principais sintomas da tendinite da pata de ganso são: dor na face interna do joelho principalmente quando dobra o joelho; dificuldade para subir ou descer escadas; dor para sentar-se e principalmente, sensibilidade ao toque na região interna do joelho. Outros sinais menos comuns são inchaço na parte interna do joelho e fisgadas ao caminhar, que tendem a incomodar mais durante a noite, o que pode comprometer o sono e gerar ansiedade. Importante avaliar lesões associadas que podem estar presentes como lesões condrais do joelho ou do menisco medial.
Diagnóstico
A história clínica e o exame físico, através da palpação no caminho dos tendões costumam fechar o diagnóstico, porém, indicamos realização da ultrassonografia e algumas vezes da ressonância para verificar o grau de inflamação dos tendões e até mesmo para avaliar as lesões associadas.
Algumas vezes, é possível ter uma bursa inflamada entre os tendões que pode ser diagnosticado pelo exame de imagem.
Tratamento Conservador (Não cirúrgico)
Praticamente a totalidade das tendinites da pata de ganso melhoram com o tratamento conservador. É importante identificar o fator causal para realizar adaptações durante o treinamento.
- Reabilitação com Fisioterapia
– Considero um fator indispensável no tratamento conservador. O tratamento visa manutenção da força muscular excêntrico da musculatura flexora em ângulos de proteção quando não se há sintomas. - Exercícios de fortalecimento
– É possível manter o fortalecimento muscular inclusive em membros inferiores. Utilizando estratégias de proteção e principalmente mecanismos excêntricos de fortalecimento. - Órteses e Joelheiras
– As joelheiras, não há comprovação científica que ajudaria nos casos de tendinite da pata de ganso. Contra indico a utilização. Já as órteses, sejam palmilhas ou braces podem ser utilizados para diminuir a região de sobrecarga. - Medicamentos via oral
– Existem medicações que podem ajudar no controle de sintomas agudos e favorecem um fortalecimento mais adequado. Também existem medicações com relatos de estimular a cicatrização local que podem ser associados. - Terapia por ondas de choque e Laser de alta intensidade
– Artigos científicos tem demonstrado uma melhora significativa dos sintomas após 4-5 sessões com intervalos semanais, principalmente nas terapias de onda de choque focal. Importante aliado na associação com outras terapias. - Infiltrações e abordagens percutâneas
– Existem técnicas que podemos realizar a infiltração, infiltração na região sob o tendão doente peri-tendínea e quando há bursa pode ser realizado tratamento concomitante. Dentre os tipos de medicamentos e estimuladores a ser utilizados destacamos:
1. Corticoides e anti-inflamatórios: Podem servir de auxílio no tratamento devido potencial anti-inflamatório
2. Ácido Hialurônico: Principalmente ácido hialurônico de baixo peso molecular tem sido associado a uma melhora do padrão da lesão e regressão dos sintomas quando injetado peri-tendíneo
3. Ortobiológicos derivados do sangue: Temos o Plasma rico em plaquetas (PRP) e o Plasma Rico em Fibrina (PRF). Tem demonstrado na literatura atual resultados promissores. Pode ser realizado como forma de projeto de pesquisa em locais autorizados para sua utilização. Fora do Brasil, utilizado em grande parte dos centros ortopédicos e com resultados positivos.
4. Dry needling: Estudos demonstram que realizar furos na região doente do tendão pode estimular sua cicatrização. Isso se deve pois a área doente do tendão apresenta uma má vascularização e realizando perfurações faria sangramento e levaria fatores cicatriciais para região afetada estimulando o processo de cicatrização e regeneração. Muitas vezes utilizada em associação com outro produto infiltrado.
Ultrassonografia utilizado guiando local de infiltração ao redor dos tendões da pata de ganso
Tratamento Cirúrgico
O tratamento cirúrgico é de exceção, na grande maioria dos casos não tem necessidade. Inclusive desaconselhável quando há apenas tendinite sem outra causa de fator causal. Há relatos da desinserção dos tendões no seu local de origem na tíbia, porém, o tratamento cirúrgico se enquadra mais quando temos alguma doença associada que sobrecarrega a região. A indicação clássica, são em casos em que o fator causal da tendinite só é passível de correção através de uma intervenção, como a artroscopia (em casos de lesão meniscal) ou osteotomia para correção do eixo do joelho em caso de desvio de eixo.
