A síndrome compartimental crônica é uma afecção pouco comum e pouco diagnosticada, caracterizada por distúrbios dolorosos dos membros inferiores, causados por aumento da pressão intracompartimental durante o início dos exercícios físicos. Fatores anatômicos, tais como tamanho restrito do compartimento, aumento do volume intracompartimental, fascia constritiva, perda da elasticidade do compartimento, alteração do retorno venoso ou aumento da massa muscular, podem contribuir para seu aparecimento.
É como se houvesse um cano (fáscia e suas divisórias) com volume dentro (músculo, nervo..). Quando o diâmetro do cano diminui ou o volume interno aumenta e o espaço permanece o mesmo, ocorre um sofrimento muscular o que causa os sintomas desta doença.
O que se sente com a síndrome compartimental crônica?
A dor e outros sintomas associados com a síndrome do compartimento de esforço crônica pode ser caracterizada por:
- Dor, queimação ou dor tipo “cólica” no membro afetado no início do exercício (principalmente corrida). Ela cessa dentro de 30 minutos após cessar a atividade
- Aperto no membro afetado;
- Dormência ou formigamento;
- Fraqueza;
- Queda do pé, em casos graves, se os nervos em suas pernas são afetados;
- Ocasionalmente, inchaço ou abaulamento, como resultado de uma hérnia muscular.
Diagnóstico de síndrome compartimental
O exame físico para síndrome compartimental crônica de esforço é, muitas vezes ,normal. O ideal é examinar o paciente depois do exercício, quando a condição é mais provável que seja aparente.
Gosto muito em minha prática de realizar a ressonância magnética após a atividade física. Contamos com uma esteira no mesmo andar que realizamos o exame de imagem, o que facilita a prática. Quando estimulado podemos observar alteração na ressonância. Caso o paciente realize sem ter praticado atividade, estímulo poucos minutos antes, o exame pode vir normal.
Existe uma forma de medir a pressão do compartimento, porém, de difícil disponibilidade no Brasil.
Tratamento para síndrome compartimental
Não cirúrgico
- Fisioterapia
- Alongamento do compartimento e grupamento muscular afetado
- Hipotrofia local
- Cessar utilização de anabólicos e creatina
- Correção biomecânica se necessário
- Tratamento de sintomas neurológicos quando presentes
Cirúrgico
A cirurgia é o principal tratamento da síndrome de compartimento de esforço crônica e a mais eficaz. A cirurgia se lembrarmos do início da analogia com um cano e seu conteúdo interno, é fazer uma incisão no “cano” na fáscia, liberando o conteúdo para que quando haja aumento, se expanda, não sofra compressão. O método é feito com um corte aberto na fáscia de cada compartimento afetado (fasciotomia).
