Meniscos

O que é?

Temos dois meniscos em cada joelho. Menisco medial, na região interna do joelho e o menisco lateral na parte de fora do joelho. São estruturas de formato semicircular, semelhante a meia-lua funcionam como uma almofada ou amortecedor dentro do joelho.

Além da função amortecedora os meniscos podem agir como lubrificadores, estabilizadores, na função de propriocepção (estabilidade) e distribuidores de carga dentro da articulação.

Sua retirada (meniscectomia), quando ocorre em um percentual grande (30-50%) está ligada a altas taxas de degeneração da cartilagem do joelho progredindo inclusive para a artrose, chamada Artrose pós meniscectomia.

 

 

 

Como posso ter rompido o Menisco e quais são os Sintomas?

O mecanismo mais comum é o trauma, sendo o entorse do joelho o principal causador da lesão. A sobrecarga (de peso, durante um agachamento profundo ou uso excessivo da articulação), o desequilíbrio muscular (Musculatura mais fraca que a demanda do joelho durante atividades) e a má postura (desvios de eixo, pernas “tortas”) podem também estar associados a rotura de menisco.

A queixa principal do paciente é uma dor localizada sobre a lesão (o paciente aponta com o dedo o local da dor), que piora com o esforço e, especialmente, com movimentos de mudança de direção e torção. O local exato da dor e os movimentos que causam a dor varia conforme a região do menisco que está machucada. Lembrando que alguns pacientes podem apresentar-se sem sintomas no dia a dia e inclusive em atividades como corrida, caminhadas, porém, surgir os sintomas durante movimentos de rotação ou agachamentos profundos.

 

Diagnóstico

A história clínica e o exame físico, através de testes especiais baseados na rotação do pé que causa uma sobrecarga na região meniscal, podem ser utilizado para suspeita diagnóstica da lesão, porém o exame de imagem é fundamental para avaliar tipo da lesão, localização, tamanho e lesões associadas.

Através de exames de imagem como a Ressonância Magnética podemos confirmar o diagnóstico e também guiar o tratamento determinando as características da lesão. O raio-x também é importante, principalmente para avaliar se há artrose associada no joelho do paciente, o que muda o critério para indicação dos tratamentos e para verificar qual eixo do membro o paciente tem (Varo, valgo, neutro). Julgo, esta avaliação importantíssima, pois um paciente com eixo varo (joelhos para fora e pés para dentro), com lesão no menisco medial, devemos priorizar sempre a manutenção deste menisco.

Na primeira imagem observamos os meniscos pela ressonância íntegros, sem lesão. Já na imagem ao lado (seta vermelha) a lesão de menisco identificada pela ressonância magnética.

 

Tipos de lesão, Localização, Extensão, Lesões associadas

Através do exame de Ressonância Magnética também podemos avaliar o tipo de lesão meniscal que o paciente apresenta. Isto é importantíssimo, afinal, lesões degenerativas (comum em pacientes acima de 40 anos), são de tratamento não cirúrgico na grande maioria das vezes. Já lesões em alça de balde, longitudinais verticais são excelentes para podermos suturar (costurar o menisco). E lesões como flaps e radiais podemos quantificar o quanto de menisco foi danificado para guiar no tratamento mais adequado. Uma coisa que sempre digo aos meus pacientes, sempre que possível, #SalveSeuMenisco. Sua retirada está diretamente ligada a lesão na cartilagem no futuro, principalmente quando a quantidade retirada é maior de 40% de sua área.

O tamanho da lesão também é importante, afinal, conseguimos decidir entre uma lesão estável (<1cm) e instável. As lesões estáveis tem maior potencial de se curar através do tratamento não cirúrgico que as lesões instáveis.

A localização é importante, pois a região mais periférica do Menisco é vascularizada, ou seja, os vasos sanguíneos irrigam essa região. Portanto, se realizarmos a sutura (costura) nesta região, a chance de ser bem sucedida é maior, assim como lesões estáveis também tem maior potencial de regenerar nesta região.

 

Quando falamos sobre lesões associadas, sua importância se deve no planejamento do tratamento. É comum termos lesões de cartilagem associada e também lesões ligamentares como o Ligamento Cruzado Anterior (LCA). Levando em conta a lesão associada, o planejamento se torna mais criterioso e com maior chance de sucesso.

 

Existe um tipo de lesão meniscal, que devemos nos atentar. São as lesões da raíz do menisco (root meniscal tear), essas lesões são graves pois o menisco perde sua inserção (onde se liga ao osso) na região posterior e isto aumenta drasticamente a carga na região da cartilagem. Esta lesão atua como se o paciente não houvesse mais menisco no local (meniscectomia total). São lesões graves que quando recentes, principalmente em pessoas ativas devemos realizar a reinserção do menisco o mais breve possível.

Tratamento Conservador (Não cirúrgico)

Quando os critérios de lesão estáveis são preenchidos e também nas lesões degenerativas podemos optar pela lesão não cirúrgica do menisco. Os principais pontos a serem realizados durante este tratamento é um protocolo de reabilitação e reavaliação durante esse período que normalmente dura de 12 a 16 semanas.

  • Reabilitação com Fisioterapia
    – Considero um fator indispensável no tratamento conservador. O tratamento visa manutenção da força muscular evitando movimentos que sobrecarreguem a região do menisco.
  • Exercícios de fortalecimento
    – É possível manter o fortalecimento muscular inclusive em membros inferiores. Utilizando ângulos de proteção.
  • Movimentos não permitidos
    – É muito importante que o paciente não realize atividades que exijam rotação e flexão do joelho acima de 100 graus (agachamentos por exemplo).
  • Controle de peso
    – Diminui a sobrecarga no joelho
  • Órteses
    – Dependendo do eixo do paciente, podemos realizar a utilização de órteses para mudança do eixo e diminuir a sobrecarga na região afetada
  • Medicamentos via oral
    – Existem medicações que podem ajudar no controle de sintomas relacionados levando a uma recuperação mais rápida do joelho
  • Infiltrações periarticulares
    – Existem técnicas que podemos realizar a infiltração perimeniscal ou estímulos para cicatrização do menisco. O descolamento menisco-ligamentar e infiltração periosteófitos pode ser realizado em lesões mais degenerativas, assim como drenagens perimeniscais. Porém, indicados em lesões específicas

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico é dividido entre a retirada da região lesada (Meniscectomia) e o Reparo do Menisco (Sutura meniscal) onde preservo o menisco e sempre que possível deve ser a técnica de escolha, porém algumas lesões complexas ou menores a Meniscectomia deve ser realizada.

Primeiramente, gostaria de esclarecer como é feita as duas técnicas. Elas são realizadas, através da videoartroscopia ou como muitos chamam, cirurgia por vídeo, “laser”. São duas incisões de aproximadamente 1cm cada uma e através dos orifícios colocamos o dispositivo da câmera e na outra incisão o que usaremos para o tratamento da lesão.

Após realizada a incisão iremos decidir entre a retirada de parte do menisco (meniscectomia parcial) ou retirada de todo ele (meniscectomia total) ou o procedimento de sutura meniscal (costura do menisco)

  • Meniscectomia

 

 

  • Sutura da Raíz do menisco

    – Existe também a sutura da raíz do menisco, onde através de um dispositivo conseguimos dar pontos na ponta solta do menisco onde ele perdeu sua fixação (foi desinserido). Nesta técnica, após realizar o ponto é preciso realizar um túnel que sai onde o menisco estava fixado e realizamos a fixação na região da tíbia seja com parafuso ou endobotton. Na imagem é possível observar este reparo da raíz meniscal.

  • Transplante Meniscal

Pacientes que realizaram a retirada total do menisco (meniscectomia total) podem realizar seu transplante. É quando encontramos um doador com tamanhos compatíveis e reimplantamos no menisco na área de origem. Vou deixar um espaço para falar separadamente desta técnica que é mais realizada quando temos uma complicação após a meniscectomia.

 

 

Qual incisão, corte para realizar cirurgia do menisco?

No geral é uma cirurgia realizada por via artroscópica, ou seja, por vídeo. Dois cortes de aproximadamente 1 cm cada um é realizado, com apenas 1 ponto em cada orifício.

 

Dúvidas Frequentes

  1. Toda lesão de menisco é cirúrgica?
    Não. Existem lesões estáveis que cicatrizam a lesão meniscal, não sendo necessário a realização de cirurgia para a cura do paciente.
  2. Minha lesão de menisco pode aumentar se demorar para operar?
    Sim, lesões meniscais, quando ficam muito tempo em sobrecarga articular podem aumentar as lesões ou mudar seu padrão para um padrão complexo, por exemplo.
  3. Sutura do menisco, é 100% garantido que terá sucesso?
    Não. A sutura quando associada ao Ligamento cruzado anterior (muito frequente), tem uma taxa de sucesso de aproximadamente 95%. Quando isolada, 80% a 85%.
  4. Como é o pós operatório?
    Depende das lesões associadas, mas se falando de menisco, em caso de meniscectomia liberamos todo o movimento e o apoio totalmente e através de uma reabilitação acelerada em torno de 25-30 dias retorna 100% a prática esportiva normalmente. Já no caso da sutura, liberamos também para apoiar o membro com uma descarga de peso gradual e limitamos a movimentação em 90 graus por 4 semanas.

Confie em quem tem
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nos cuidados com seu joelho.