Lesão na Cartilagem da Patela (Condromalácia)

O que é?

A Lesão da cartilagem da patela, também conhecida como condromalácia patelar ou síndrome da dor patelofemoral, é uma lesão  que afeta a cartilagem que recobre a patela (rótula). A Patela, durante os movimentos de dobrar e esticar o joelho (Flexo-extensão) se movimenta através de seu “trilho” que chamamos de tróclea do fêmur. A região da patela e a tróclea “trilho” fazem um movimento deslizante durante esses movimentos indo de superior para inferior dependendo do quanto dobramos o joelho. O normal, é que essas superfícies quando em movimento, tenham um caminho sem lesões durante seu movimento, pois as cartilagens estão lisas, ocorre um movimento de deslizar sem interrupções ou imperfeições. Já na lesão da cartilagem da patela, como há uma lesão nessa região, durante o deslizamento (flexo-extensão do joelho) podem ocorrer dores, crepitações (sensação de areia dentro do joelho), estalidos e sensação de falseio.

 

 

A condromalácia é mais comum em jovens e atletas, especialmente aqueles envolvidos em esportes que requerem flexão excessiva do joelho, como vôlei, beach tennis, corrida, ciclismo e atividades que envolvem agachamento. A causa exata da condromalácia não é sempre clara, mas vários fatores podem contribuir, incluindo:

  1. Mau alinhamento da patela: Uma posição anormal da patela, como o seu deslocamento lateral, pode levar a um desgaste irregular da cartilagem.
  2. Fraqueza muscular: Músculos fracos ao redor do joelho e principalmente do quadril podem não oferecer suporte adequado à patela, resultando em desalinhamento e pressão inadequada na cartilagem.
  3. Atividades repetitivas: Movimentos repetitivos ou estresse excessivo na articulação do joelho podem causar desgaste na cartilagem.
  4. Lesões anteriores: Traumas prévios no joelho, como entorses ou impactos diretos, podem aumentar o risco de desenvolver condromalácia.
  5. Alterações Biomecânicas (Pé plano “Pé chato”; Ângulo Q aumentado)
  6. Excesso de peso

 

Sintomas

Os principais sintomas são:

  • Dor
  • Inchaço do joelho
  • Crepitação (sensação de atrito)
  • Estalos
  • Travamento
  • Sensação de corpo livre solto no joelho

 

Os sintomas tendem a ser piores durante movimentos que necessitam dobrar e esticar o joelho (flexo-extensão) como: Subir e descer escadas, levantar-se de uma cadeira baixa, durante movimento de agachamento, sendo que inicialmente são observadas em atividades mais intensas, porém, com a progressão da lesão, pode haver dor em atividade do dia-a-dia ou mesmo em repouso.

 

Diagnóstico

A história clínica e o exame físico, através de testes especiais, podem ser utilizado para suspeita diagnóstica da lesão da cartilagem da patela.

Através de exames de imagem como Ressonância Magnética podemos confirmar o diagnóstico e também ver em qual grau a lesão se encontra. Dividimos as lesões em 4 graus e é importante essa definição para guiar e conduzir o tratamento de cada paciente

 

Tratamento Conservador (Não cirúrgico)

Na maioria dos casos, a lesão de cartilagem se estabiliza com o tratamento conservador (Não cirúrgico). Para escolher qual tipo de tratamento se adequa a cada paciente, precisamos realizar uma avaliação minuciosa para encontrar a causa das dores e do desenvolvimento da lesão, seja ela por fraqueza da musculatura do quadril, pé chato, patela lateralizada, traumas repetitivos, entre outros. Além disso, é importante avaliar o grau da lesão desse paciente, guiando para o melhor tratamento que se encaixe a ele. Dentre as modalidades temos:

  • Reabilitação com Fisioterapia
    – Considero um fator indispensável no tratamento conservador. O tratamento é de evolução gradual, principalmente quando falamos sobre ângulo de proteção. Inicialmente o tratamento de fortalecimento deve ser feito em ângulos que protegem e não pioram as lesões e o quadro doloroso com avanço gradual.
  • Exercícios de fortalecimento
    – Como dito, individualizar o paciente e iniciar sempre em ângulos de proteção com avanço gradual do fortalecimento.
  • Atividades físicas
    – É muito importante que o paciente não pare suas atividades, pois assim, pioraria o quadro dos sintomas por maior fraqueza muscular, porém, é indispensável a adaptação para os exercícios
  • Adequação de fatores de sobrecarga
    – Diminuir utilização de escadas, preferir cadeiras mais altas.
  • Controle de peso
    – Diminui a sobrecarga no joelho
  • Palmilhas
    – Existem palmilhas para pé plano “chato” que formam a cunha medial do pé, diminuindo a sobrecarga patelofemoral
  • Medicamentos via oral
    – Existem medicações que podem ajudar no controle de sintomas relacionados a lesões de cartilagem, mas nenhuma promove regeneração das lesões de forma comprovada. A principal utilidade das medicações é permitir um tratamento com reabilitação e exercícios de forma mais eficaz, por diminuir o desconforto e inflamação.
  • Medicamentos aplicadas dentro da articulação (infiltração e viscossuplementação com ácido hialurônico ou Ortobiológicos)
    – Ácido Hialurônico ou Corticóides quando infiltrados, em minha opinião, tem uma função de “Janela de Oportunidade”. Eles são utilizados para melhorar o líquido intra articular que fica em contato com a cartilagem da patela e para minimizar os sintomas e com  isso, o paciente consegue realizar sua reabilitação mais efetivamente.
    – Os Ortobiológicos tem sido amplamente discutidos nos dias de hoje, dentre as opções encontram-se o Plasma rico em plaquetas (PRP), Aspirado de Medula Óssea (BMA), Derivado da gordura (SVF). Realizamos estes protocolos com permissão do comitê de ética juntamente com o CONEP com protocolos previamente elaborados e aceitos. Alguns estudos já demonstram eficácia superior dos ortobiológicos em comparação ao Ácido Hialurônico. Caso tenha interesse em ler o artigo, clique aqui.

Técnica de Infiltração Guiada por Ultrassom: Procedimento realizado em consultório com anestesia local

 

Saiba mais sobre Ácido Hialurônico (Viscossuplementação) e Ortobiológicos clicando no link de seu interesse:
– Ácido Hialurônico (Viscossuplementação)
– Aspirado de Medula Óssea (BMA)
– Célula derivada da Gordura (SVF, Gordura microfragmentada)
– Plasma rico em plaquetas e da fibrina (PRP e PRF)

 

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico para lesão na cartilagem da patela é exceção. Nos casos de falha do tratamento conservador, que permanecem sintomáticos com incapacidades, indicamos o tratamento cirúrgico. A vantagem do tratamento invasivo é que ocorre restauração da cartilagem no local, normalizando a doença.

Existem diversas técnicas cirúrgica, as indicações são individualizadas e deve-se avaliar: Tamanho da lesão, Localização da lesão, Acometimento osso subcondral e avaliar lesões associadas para decidir entre a melhor técnica. Conheça as técnicas disponíveis:
*Clicando no nome de cada procedimento, você será direcionado a uma página de técnicas onde será explicado como realizo cada técnica cirúrgica.

  • Fixação de fragmentos de cartilagem
    Quando há uma lesão traumática com soltura da cartilagem, dependendo do tamanho e profundidade podemos optar pela reinserção do fragmento solto.
  • Microfratura ou microperfurações
    A lesão é limpa cuidadosamente, retirando toda cartilagem desgastada do leito. Pequenos furos, entre 2 mm, são feitos no osso no local da lesão. Isso estimula que a medula óssea gere um tecido recobrindo a lesão, chamado de fibrocartilagem. A microfratura tem melhores resultados em lesões pequenas.
  • Transplante osteocondral autólogo (Mosaicoplastia)
    É realizado retirada de um plug com cartilagem + osso de uma região do joelho de pouco contato e carga (Área doadora), após é preparado a área de lesão (Área receptora) para que esse plug retirado anteriormente entre sob pressão. Essa técnica tem a vantagem de já levar a cartilagem sadia e pronta para o local.

 

  • Membranas
    Nessa técnica são feitos preparos no local da lesão e após isto, coloca-se uma espécie de “folha de papel” para cobrir a estrutura. Essa membrana “folha” tem origem animal e o objetivo é estimular através de células-tronco a se transformarem em células cartilaginosas que produzem colágeno tipo II. Sendo possível visualizar área sadia de cartilagem em perfeito estado em caso de sucesso da técnica.
  • Transplante osteocondral alógeno, ou transplante a fresco de doador
    Da mesma forma que outros órgãos e tecidos, a cartilagem pode ser transplantada de um doador falecido. Normalmente indicada para lesões de grande extensão. A cartilagem não estimula resposta imune de rejeição, portanto não é necessário uso de medicamentos imunossupressores. O transplante de doador tem excelentes resultados, com a disponibilidade de tecidos sendo o principal limitante.

 

Dúvidas Frequentes

  1. Qual função da Joelheira na Condromalácia?
    Não existem ainda estudos científicos que demonstrem a eficácia da utilização da joelheira na lesão de cartilagem da patela. Entretanto alguns pacientes me relatam sentir alívio na utilização da mesma, sendo assim, indico uma utilização por um período curto de tempo, 3 meses no máximo, durante fase de fortalecimento e que os sintomas estão mais intensos, isto porque já é provado que a utilização a longo prazo da joelheira faz uma inibição da musculatura do quadríceps levando a atrofia desse grupamento muscular
  2. Colágeno, glicosamina, cúrcuma realmente funciona para lesões da cartilagem?
    Acredito que o tratamento da doença condral deva ser multifatorial. Apesar de alguns estudos demonstrarem não haver eficácia usados isoladamente, temos estudos com excelentes resultados quando associados a outros tratamentos. Normalmente gosto de realizar a suplementação não só de colágeno ou cúrcuma, mas também de minerais e vitaminas com deficiência para uma melhor saúde do osso condral e também abaixo dele, o osso subcondral.
  3. Alimentação Interfere na regeneração de cartilagem?
    Sem dúvida, uma alimentação muito inflamatória prejudica a recuperação do paciente em tratamento. São diversos exames realizados e uma lista grande de alimentos que devem ser utilizados e não utilizados. Mas resumidamente, destaco os inflamatórios: Derivados do leite, principalmente queijo, açúcar e farinha branca. Os anti-inflamatórios: Cúrcuma, brócolis, laranja, espinafre, couve-flor…
  4. Posso treinar com condromalácea?
    Com certeza, deve ser realizado inicialmente em ângulos de proteção, porém, é indispensável o treino de força na recuperação da condromalácia, lesão da cartilagem da patela.
  5. Posso andar de bicicleta com lesão na cartilagem da Patela?
    Sim, o que você deve se atentar é estar assintomático durante a realização, banco levemente mais alto que normal para que não haja muito a flexão do joelho, e principalmente, atentar para os pés, joelhos, quadril estarem alinhados durante a pedalada. Nada de joelho aberto.

 

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nos cuidados com seu joelho.